28 de dezembro de 2010
Mais uma vez dezembro, tempo do cinismo imperante e de plena atividade da mais calhorda corrupção mental, espécie rara de lavagem cerebral, promovida anualmente pelas mais diversas seitas religiosas cristãs e, acima de qualquer cousa, pelo capitalismo, o verme que corrói as cernes frias desse ocidente putrefato.
É o período da celebração da mentira, dos brindes a falsidade humana, da crença desesperada em algum ser superior que recompense os bons e dilacere os maus, a fé na existência de um novo tempo de paz e de felicidade.
7 de outubro de 2010
Que horas eram antes do mundo ser mundo?...
Era esta a pergunta que rondava envolto em nébula minha mente, em sem atinar com resposta coerente, abri as janelas em noite sombria, quase vitoriana, e saltei no abismo de um mundo que está. Está, pois o ser nada é!
Vaguei pelo escuro, sob a cortina funesta e toldada de névoa, quase britânica, e fumaça de charuto. E em cada esquina havia um Tempo, tão real, personificado, com grande ira saltando-lhe em face e em cada mão um machado cortando o Espaço e fazendo rolar as cabeças dos menos desavisados.
Abriu-se, então, uma porta cinzenta e no lugar apertado, boteco de esquina, adentrei e me deparei com a Solidão num canto bebendo um Whisky puro. Na mesa de centro jogavam um carteado a Guerra, a Justiça e a Ilusão.
27 de setembro de 2010
Pensamos que existimos ou existimos porque existimos? Se pensarmos que pensamos que existimos, na verdade não existiremos, subsistiremos como outros antes de nós subsistiram e nós sequer sabemos, pois como foram meros fragmentos, ou nem isto, não temos conhecimento de sua real existência, desconhecendo seus nomes, suas faces, seus pensamentos. E assim, isso seria o pleno desconhecimento e a plena inexistência.
Por outro lado, se existimos porque pensamos, o pensamento é a própria existência, assim nada existe senão o pensamento. Por estas sendas vemos na historia que sabemos apenas da existência do pensamento. Conhecemos o pensamento de Sócrates, Rousseau, Hobbes e Locke, mas por outro lado desconhecemos a face existencial de fato destes, o lado negro que quando estamos vivos os mais próximos conhecem, as preferências do cotidiano, a forma de olhar por sobre as folhas do outono, por exemplo.
11 de setembro de 2010
As pessoas nunca deveriam nascer, este é o delito mor do ser humano, ou pelo menos não deveriam nascer nestes tempos modernos.
Hoje vivemos a era do politicamente correto, que de correto é só o termo, nos tornamos frios, calados, cínicos, dissimulados. Evitamos termos pelo temor do preconceito, gerando mais do mesmo, pois o fato de utilizar um termo considerado pejorativo poderá ser até mesmo carinhoso. Pior que isso são os atos que cometemos, o cinismo nos corrói!
Vivemos a era do egoísmo, tão forte se faz presente, que nos esquecemos dos demais entes do mundo ao redor. Pensamos demasiadamente no “eu”. “Eu fiz...”; “Eu falei...”; “Eu tenho...”. A maior pena é termos esquecido o único “eu” que realmente importa: “Eu sou”.
1 de setembro de 2010
Um dos maiores dilemas de quando se começa a pensar em demasia é a certeza que se origina do pensamento, certeza essa que agimos pouco em face das atrocidades que estão mais próximas, tão próximas que teimamos em não enxergar, por que nos amarra a venda negra, nos cegando, prende um nó na garganta ao ver o asqueroso mundo moderno, e isso nos cala, e aos poucos também nos torna surdos aos gritos de uma nação que já moribunda teima em sobreviver mais um dia. Aí surge o mais desesperante fator, nossa ignorância e nossa inércia. No mundo contemporâneo há uma forma pré-moldada onde todos os “pseudo-cidadãos” devem se encaixar, ainda que não se encaixem, ainda que relutem contra as barbáries dessa sociedade “civilizada” que age de forma bárbara, no pior sentido da expressão.
É degradante o show dramatúrgico de qualidade questionável promovido pelo Horário Eleitoral Gratuito, vemos uma salada mista de frutas e palhaços que pensam ter algum conhecimento jurídico para criar e revogar as leis que assegurarão nossos direitos e engolimos a seco um espetáculo de promessas juridicamente impossíveis e a boa e velha mostra dos milagres operados pelos candidatos, boas e velhas mentiras, mas sem a qualidade das mentiras de antigamente, quando havia tanta convicção nas palavras destes que nós, meros seres pré-moldados, quase acreditávamos.
11 de agosto de 2010
E eis que um dia nasceu o Tempo, aquém do próprio tempo que se faz em mente, não um Khronos mitificado, nem se sabe ao certo o que era, mas dividia as eras, não a Hera, do panteão, nem mesmo os séculos, talvez estes nem existissem, eram apenas fragmentos, grãos de areia cinzentos, pedaços de uma recordação.
E tanto esforço vão, tantos ecos e vácuos, tamanha sua solidão! E se desdobrou tanto, viveu de riso e de pranto, em sua soberba inebriado, já pálido, tíbio, cansado, renasceu de si mesmo em Espaço. Não o espaço comensurável, medida de distância, ou par, era apenas espaço.
Eram, com efeito, dois díspares, duas faíscas de um mesmo fogo, mesma alma perdida, vagando loua em tempo de tempo algum, em espaço de espaço nenhum.
10 de agosto de 2010
É fato que espectro maior que o Estado não há e, para comprovarmos tal fato, basta mirá-lo por diversos prismas, que não os vendidos pelo próprio Estado, ou os diversos braços do mesmo, pois, este “ente” avassalador se faz presente em cada canto do vosso pensamento, por tal motivo são veredas assaz escarpadas as que pretendo neste tratar, pois, a questão feal nesta linha de pensamento é: onde o Estado não influi ou influiu?
O nome Estado surge apenas no século XVI, quando Machiavel lhe confere este título em seu clássico “O Príncipe”, entretanto, este sangue suga da humanidade existia em tempos ainda mais arcaicos.
Quando falamos no Estado, sua personificação imediata é pela figura do César romano, do faraó egípcio, do rei cujo latim valia qual lei imediata, ainda que nem sempre escrita, todos estes, sinônimos de tirania e imposição da vontade unitária.
Há dias que não basta a lembrança, são nestes dias que percebemos o quão o passado é importante para o futuro.
Existem horas que ninguém pode entender o conteúdo do ser, pois o nosso ser é tão complexo que nem mesmo nós mesmos o compreendemos.
Há dias que bastaria a chuva molhando continuamente o chão, e são nestes dias que compreendemos a temporada das flores, mas não basta a lembrança e a chuva molhando o chão, são muitos os caminho, mas apenas um é o seu. Na plataforma da vida é quase impossível saber qual é o trem da sua vida.
Luz de Luar...Candeia acesa, já é madrugada alta, o frio da gélida noite de inverno é insuportável.
Enrolado a um cobertor, tentando inutilmente se proteger da noite ingrata.
O silêncio da noite o faz pensar na vida, cada instante que passou. Pela janela de vidro percebe-se a geada na fonte de água, que outrora era cheia de vida.
Não se vê mais um verde de esperança, nem o azul marinho do céu.
10 de março de 2010
Quando imagino a vida moderna, em suas questões políticas e sociais, vejo que a melhor maneira de exemplificar isso é com as seguintes idéias hipotéticas.
Imaginemos uma democracia onde nada funciona como deveria, onde saúde, educação, segurança e todas as outras condições básicas de um ser humano existem de forma parca. Este lugar hipotético é livre, democrático e sua maioria recrimina as ações dos governantes, ao fim de quatro anos trocam seus governantes, visto que os atuais são insatisfatórios. Na sucessão, assume um ditador, déspota, intransigente e este impõe a essa sociedade uma tenebrosidade feal. 
9 de março de 2010
Dramaturgo e poeta espanhol, Pedro Calderón de La Barca é um dos grandes nomes do Teatro Barroco. Famigerado, principalmente, por sua obra "La Vida és Sueño", na qual lança um olhar sobre os costumes, a religião, o destino do Homem e o mais filosófico dos temas: a própria vida. Entre do drama e a comédia, a obra é impecável e, também por isso, imortal.
1 de março de 2010
"Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-coco quando passa.
Coração pega a bater.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer. "
(Raul Bopp - Coco de Pagú)
Neste ano comemoraremos o centenário de uma das figuras mais polêmicas do século XX no Brasil. A mulher que militou por uma causa justa dentro da filosofia marxista, a revolucionária que pegou em armas e brigou um país mais justo, a feminista que doou sua alma

21 de fevereiro de 2010
É fato que Michael Ende é, sem dúvidas, um dos maiores escritores da Alemanha moderna em termos de romance fantasia e literatura infanto-juvenil, mas também devemos considerá-lo como um dos maiores escritores do movimento antroposófico. Sua filosofia é tão prufunda de merece este artigo. Quem antes de Ende ousou filosofar sobre o nada?
Ende escreveu em seu livro mais famigerado "Die Unendliche Geschichte" o seguinte trecho sobre o Nada: "Um pouco mais adiante, tornava-se estranhamente transparente, nebulosa, ou melhor, parecia cada vez mais irreal. E para além dessas árvores não havia nada, absolutamente nada. Não era um lugar ermo, nem uma zona escura ou clara; era algo insuportável à vista e que dava às pessoas a sensação de terem ficado cegas. Pois não há olhos que suportem olhar o nada total."
6 de fevereiro de 2010
Vivemos numa era em que nada mais espanta, assistimos perplexos a celebração dos calhordas e festejamos a pizza, ou panetone, nosso de cada dia. Vemos absurdos e o festival de horrores promovido por senadores supra poderosos que praticam arbitrariedades contra a nação livremente, sendo certa a impunidade costumeira, pois não existe pecado nem crime neste país tropical... E o povo? Pobre o povo que os elegeu!
4 de fevereiro de 2010
I
Rosa navegante em mares,
cortando o oceano doudo
plano azul - e gaivota em vôo
eu, cá, em alma afouto...

Ontem, o pegureiro vagando
buscando em desvairío a primavera...
Hoje, em face de mundo horrendo
desbarateando frechas, o céu em nov'era.


E tú, oh! Rosa - Não vês o sangue?
acaso o poente doura o trigo?
cerceiam a liberdade - há tempos exaurida,
abraçam fraternamente o amigo!

Viajante estrela que do céu despenca
Diz-lhes da verdade, a luta verdadeira
revela-lhes em face tenebrosa
a luta de uma vida inteira.

De repente eis que surgem do nada, saltitando em minha cabeça milhões de contestações, diria eu até que se trata de cousa natural, visto que minha condição de criatura contestadora é incontestável...
Mas o grande paradoxo da mente e da sociedade humana é justamente seu antônimo, pois deverás tudo que há, todas as cousas mesmo, desde as mais simples às mais complexas e extraordinárias... Tudo é contestável... Até mesmo o ato de contestar é contestável...
E há situações controversas e contestáveis até mesmo nas mais puras histórias infantis, a exemplo de Robbin Hood, herói das crianças que o visam com olhos de homem íntegro que rouba dos injustos pra distribuir aos honestos... Mas ainda assim continua a ser um ladrão, mas um ladrão herói? Veja como as contestações podem atingir níveis extremos de controvérsias...
31 de janeiro de 2010
É quando as paredes guardam um silêncio sufocante, e não adianta gritar, chorar, ouvir a mais estridente melodia, pois o silêncio vazio e esmagador permanece ali... E esse silêncio ecoa infinitamente, a esse vazio chamamos saudade.
Saudade é mesmo essa lacuna, esse não ter que nos aflige, seja saudade de uma pessoa querida, um amigo, um familiar, um tempo que ficou no passado ou uma simples flor que já não há, no mesmo vaso, no mesmo lugar.
Trata-se de cousa que aparece lentamente ou até mesmo do nada, um simples pôr-do-sol pode desencadear... E só se sente por cousa que já não se tem, ou não se pode recuperar tão fácil...

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Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.