9 de março de 2010
I
Noite tão calma
assim em face parece,
revela-se p’ra alma
que aos poucos perece.
E rói o verme meu corpo,
que importa p’ra mim que estou morto?
De que importa meu corpo roído?
Que importa um morto afouto
vendo a morte em canto solto
Em pranto – o clamor dorido!
II
Oh! Lua... Como brilha tão amena,
e eu espectro vagante,
sob tua luz tão serena
e sigo qual pegureiro errante.
E andando por fim tal cena
— túmulo gris, coberto d’alfazema. —
Morrer d’amor é tão pouco,
‘inda mais sem a ele ter...
‘inda mais sem a ele ver...
E rir-se d’um riso oco!
III
Maldita noite aquela em que morri
de brisa gélida, fria candeia.
Maldita batida — do coração — senti
batida frouxa que fora derradeira!
Eis que a morte chega, isto por certo,
tarda por vezes, mas anda perto.
Depois dela a alma que vagueia
viajante sem parada ou porto
— sem ter caminho, água ou desporto —
Apenas brisa que balança a macieira!
Eduardo Cantos Davö

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Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.