15 de junho de 2014

Meu quinto disco, intitulado "Coisas da Vida", chega ao público hoje, data de meu aniversário, e está disponível para download. Ainda em comemoração aos 10 anos da carreira de compositor, o disco é uma seqüência do álbum "Especial", lançado em janeiro. Contudo, misturo neste novo disco, antigas composições, com arranjos renovados, bem como, composições inéditas, que se voltam às raízes da música popular brasileira, contemplando estilos como o rock-rural e a bossa-nova.
"Coisas da Vida", remete para a sutil beleza das minúcias, de forma contemplativa, sendo este o condão principal da canção que nomeia o disco, a exaltar o ânimo e a força que emergem do campo, das cores, dos contrastes e da simplicidade.
Assim, a segunda faixa do álbum, "Caminho da Roça", retrata a simplicidade e beleza do rural, a necessidade do contato com a natureza, a lembrar das conversar entorno da fogueira, dos compadres, das coisas da natureza que sempre estão no mesmo lugar, mas em constante movimento.
Não é novidade que gosto de mesclar os ritmos das músicas de cada disco e, novamente, insisto na valsa. "Caixinha de Música", em novo arranjo, retrata a busca pelo ser, além de existir, a procura pelas respostas interiores, propiciada pela observação do que nos cerca, rememorando que sempre é tempo de viver, que há sempre uma primavera a sorrir depois do inverno, por mais rigoroso que seja.
Ainda, renovo também a canção "Adágio Popular", em qual mesclo o Clássico com a MPB, na junção de cordas clássicas  e atabaques, com poesia a tratar  da solidão do ser em si, da necessidade de constante mudança.
Do meu inegável contato com as culturas pagãs, surge a canção "Mãe Luar", a reverenciar a Lua que, muito além de nosso satélite natural, inspira a fé, o tempo do plantio e da colheita, guia as marés e ilumina a noite de todos os seres, reluzindo sobre os amantes e poetas.
Jamais perco minha base mais forte, jamais fujo do estilo musical em qual me sinto em casa e, por isso, a nova bossa-nova, "Recomeço", a tratar da necessidade constante de fechar e iniciar novos ciclos, do movimento humano, sua constante reconstrução por si mesmo e inconstância, acenando com a percepção de Heráclito de Éfeso.
Com um rock-rural revestido da sonoridade típica de Minas Gerais, o disco tem, ainda, a canção "Era Assim", a primeira canção em que me proponho a narrar uma estória. Nesta, conto a amizade entre a filha de um fazendeiro e o filho do seu capataz, o carinho possível entre as gentes, além das classes sociais e ideologias, lembrando que toda força de uma nação vem do campo e, por tal, emerge a necessidade do respeito e da evolução do trabalhador rural, para superar antigos dilemas sociais, o julgo pela mera condição financeira. Carinho não se apega a tais questões.
Tratando dos sonhos humanos, a canção "Sonhos Eternos", traça uma metáfora entre os desejos e ideais do ser com as coisas naturais, a imortalidade das coisas, pela constante transformação, os sonhos que morrem, mas não morrem, pois se transmutam e, mesmo desprovidos de matéria, asseveram as crenças de Lavoisier, re-existindo.
Objeto constante da análise filosófica humana, o tempo também não passa despercebido neste álbum. Em um diálogo traçado com este, a canção "Tempo em Seis Estrofes" ganha nova roupagem e desnuda a preocupação demasiada do Homem com o tempo, tratando da beleza e escárnio desta ficção humana, a necessidade de aproveitá-lo agora.
Neste disco, releio a canção "Brasil Feminino", bossa-nova que compus em 2.011, em homenagem à algumas das grandes mulheres brasileiras, onde enalteço a garra e a capacidade de mudança que estas colossais personalidades femininas realizaram e realizam, muito além da mera beleza física.
Na última canção do disco, "Tudo Que Quero", as contradições do querer e a vontade de paz do ser são expressas no misto de jazz, rock e funk, mostrando que, além de paz e novas soluções para os conflitos, o ser precisa de esperança no novo e força para renovar as novidades, quando necessário, sem esquecer que a mudança se faz pela cultura e pela arte.
Assim, "Coisas da Vida" é um disco de contemplação ao natural, ao ser e sua busca pelo seu entendimento do ser que é, com fortes raízes nos ritmos brasileiros e letras altamente influenciadas pelas ciências de análise social.
Continuo, sempre, adepto das licenças culturais propiciadas pelo sistema do Creative Commons, pois creio firmemente que estas fomentam o desenvolvimento cultural de uma sociedade. Não faço música pelos royalties, faço música para as pessoas se alegrarem, para que arte toque as pessoas e estas entendam que pela arte toda mudança é mais eficaz.
O disco já está disponível para download em meu site, bem como, nos melhores site de música.


Eduardo Cantos Davö

5 de junho de 2014
Sim, de fato, novamente me afastei do blog por um longo período. Estes períodos de hiato são fundamentais para quem se atreve a observar a sociedade, o mundo ao redor.
Contudo, não posso, hoje, abster-me de opinar. Nesta data se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente ou, pelo menos, deveríamos ter algo a comemorar. 
Nunca temos! A sociedade de consumo hodierna, moldada ao correr de quase quatro séculos, acentuada nos dois últimos, dirige-se, conscientemente, a um abismo que, uma vez atingido, será intransponível.
Quem se atreve a defender o meio ambiente nesta sociedade alienada e desenfreada por consumo a qualquer custo, é sumariamente rotulado de "eco-chato", "folhinha", "comedor de alface", entre tantas outras irracionalidades de quem se recusa a ver o precipício em qual cairá em breve.
(Foto: Paulo Brandão. Flickr)

A imobilidade urbana já tomou conta de nossos grandes centros urbanos e, pelo prognóstico, tende a piorar, vez que, para manter a roda da economia girando, há cada vez mais estímulos irracionais e imediatistas, como a redução de tributos para a aquisição de novos bens automotores, a viabilizar um número cada vez maior de veículos em nossas vias, emitindo cada vez mais dióxido de carbono em nossa atmosfera em um circulo danoso e infindo. Sim, sabemos que é irracional, mas estas políticas são muito mais úteis à economia do que sua solução, ou seja, investimentos efetivos em transporte coletivo, estimulo e criação de ciclovias, investimento em segurança pública para garantir ambos. Mas o raciocínio é simples e objetivo, como gostam os economistas, pois ao beneficiar a inserção de novos destes bens automotores nas vias, ocorre o recolhimento de receita, na forma dos tributos, ou seja, isto gera entradas para os cofres públicos e, posteriormente, continuará a ser meio de renda, pelo adimplemento dos impostos do bem, daqueles outros inclusos no preço do combustível - fonte poluidora, bem como em cada manutenção. Trocando em miúdos, a injeção de novos bens automóveis de forma irracional e desenfreada é fonte de renda inesgotável para o Estado.

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Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.