13 de maio de 2013
E’ triste ver no que nos transformamos! Nos últimos três anos estive em duas instituições de ensino superior e vejo consternado o quão e’ raro encontrar mestres com paixão em compartilhar saber, o quão tornou-se escasso lugares que realmente preparem o discente para algo que seja.
Entendo que a nossa sociedade se enraíza em preceitos liberalistas, encobertos por uma pseudobandeira esgarçada de socialismo, que não se sustenta co’ vento que dissipa uma frágil chama e, por tal razão, demanda-se a cada dia de profissionais mal qualificados, mão de obra de baixo custo que propiciem aos grandes gestores das instituições privadas margens de lucro significativas, ocultas em fajutas nomenclaturas de “sem fins lucrativos”, na grande maioria, a auferir capital bastante que no se conhece.
Estamos à mercê de poderes místicos, seres supremos inatingíveis, pois padecemos da tibieza e inércia, dos “aiques” de heróis acobardados, Macunaímas hodiernos, órgãos e responsáveis que não se dignificam em saber o quão caminhamos p’ro abismo de uma sociedade moldada em preceitos superficiais.
Nestes últimos períodos em que estive nos bancos acadêmicos, assisti aparvalhado a certos “Mestres” do Direito que foram incapazes de distinguir granizo e granito, cousas cujo significado nem em viagem psicodélica de ácido lisérgico se assemelham. Tive a infelicidade de ouvir destes que o augusto Estado de Minas Gerais, detentor dos maiores patrimônios históricos deste país, era um “país com leis diferentes”. Ainda, que fundamento legal e fundamento jurídico são “sinonímias perfeitas”, entre incontáveis outros absurdos. Aonde mesmo pretendemos chegar?
Lembro-me agora, aos números que evidenciem ao Mundo o tamanho da educação brasileira... Números... Meramente números que não são verossímeis à realidade. Não são bacharéis os que saem hoje das instituições, são meros senhores que, de forma simplista, pagam por um papel ornamentado que lhes afiancem um conhecimento que, em grande parte, não possuem. Não porque não quiseram ou não se dedicaram, mas porque as instituições privadas são meros negócios, vendem seu produto final. Uma embalagem mui bem cingida e com conteúdo etéreo e frívolo.
E não adianta gritar contra os espectros que assolam nosso ensino superior, pois órgãos públicos responsáveis pela fiscalização das instituições privadas, fazem pouco caso, a cada reclamação que se dirige replicam com a mesma resposta automática que não há nada que possam fazer, em termos reduzidos aos gerúndios de um inglês mal traduzido. No fim das contas, os números são mais importantes.
Ainda tenho a capacidade de me indignar, por exemplo, ao ver que estas instituições, dotadas de mestres do naipe dantes exposto, exigem de seus discentes cousas que ainda não lhes ensinaram, como exemplo de requerer, a título obrigatório, que redijam dous recursos penais para uma pasta de atividades, quando os discentes mal começaram a parte geral da disciplina de Direito Processual Penal.
A indolência de certos coordenadores de curso me assombra, pois não são poucos os que limitam as pesquisas acadêmicas a um único trabalho, n’um sistema anômalo de eixos temáticos, mui confortáveis, pois delegam a atribuição de notas, n’um primeiro momento, a professor único e, posteriormente, a dous professores, limitando os temas, as pesquisas, criando óbices ao conhecimento, redu-lo em no máximo vinte laudas. Sujeitam seus discentes às orientações de um Mestre, daqueles, que não respondem, não sugerem, esmaecem em cortina de fumaça.
São formados, estes mestres que ora critico, em grande maioria de indivíduos que, incapazes de exercer o ofício em que se doutrinaram, são encaminhados pela necessidade ao magistério, sem paixão alguma pelo que fazem, sem cuidado com seus discentes. Deveriam, em regra absoluta, tratar como pupilos, construí-los por si em ser do qual se estende seus conhecimentos, n’uma prolongação de seus saberes compartilhados. Os maus mestres gerarão por seus espelhos os maus profissionais e maus mestres de amanhã em um circulo vicioso infindo.
Não direi que tive apenas maus educadores, mas infelizmente estes são maioria. E tudo tende a piorar se seguirmos no caminho que vamos, de meros números, da falta de respeito pela profissão sagrada de ensinar, exercida de forma parca, truncada, por mera necessidade, sem didática.
Aos bons Mestres, de verdade, com didática e paixão pelo que fazem, agradeço por terem-me ensinado, sem o ignóbil pavor de dividir ou pressa em meramente cumprir programas de conteúdo.
Aos órgãos responsáveis, apressem-se, pois da forma de seguimos não há um futuro educacional neste país, haverão apenas números vazios, insustentáveis.
Às entidades de classe, lutem até que caiam fadigadas, moribundas, não permitam que quaisquer botequins se autonomeiem instituições de ensino, unicamente financeiras, sem uma causa de lutar uma entidade de classe não tem sua “raison d’etrê”.
Às pessoas, que não se calem, 193 milhões de brasileiros podem mudar a direção, pela caneta ou pela espada, se saírem das sombras da cobardia e preguiça, de crer em números de leveza insustentável.

Eduardo Cantos Davö

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Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.