Novas Diretrizes: Filosofando Sobre Michael Ende

É fato que Michael Ende é, sem dúvidas, um dos maiores escritores da Alemanha moderna em termos de romance fantasia e literatura infanto-juvenil, mas também devemos considerá-lo como um dos maiores escritores do movimento antroposófico. Sua filosofia é tão prufunda de merece este artigo. Quem antes de Ende ousou filosofar sobre o nada?

Ende escreveu em seu livro mais famigerado "Die Unendliche Geschichte" o seguinte trecho sobre o Nada: "Um pouco mais adiante, tornava-se estranhamente transparente, nebulosa, ou melhor, parecia cada vez mais irreal. E para além dessas árvores não havia nada, absolutamente nada. Não era um lugar ermo, nem uma zona escura ou clara; era algo insuportável à vista e que dava às pessoas a sensação de terem ficado cegas. Pois não há olhos que suportem olhar o nada total."

Partindo desse ponto de Ende podemos concluir que a mente humana é incapaz de imaginar o nada. Poderíamos dizê-lo como a escuridão total, mas não se trata disso, pois o nada não tem uma cor, não tem luz e nem sombra, ele é apenas o nada.

Assim, se o imaginarmos transparente estaremos equivocados, pois, em tudo que é transparente pode-se ver o que há atrás dessa superfície translúcida e o nada não pode ser visto pelo olho humano, e mesmo se pudesse, atrás dele haveria mais do mesmo nada.

Também podemos pensar que o nada é como o ar, também invisível aos olhos humanos, entretanto, o ar possui milhares e centenas de milhares de átomos e o nada não possui átomos, o nada não possui nada.

Dessa forma começamos a entender as entre linhas de Ende, começamos a compreender que esse nada que torna as cousas ocas, frágeis como o vidro, está presente diariamente em nosso sociedade, em cada canto, de norte a sul, a questão é que nossa condição medíocre de ser humano nos torna inaptos a perceber esse espectro dantesco que nos cerca e nos corrompe, nos tornando, também, vazios.

Eduardo Cantos Davö