4 de abril de 2012
Da Crítica Pura aos Estados Democráticos
22:50
| Postado por
Eduardo Cantos Davö
|
Sei que andei distante, mas é bom retornar... Especialmente quando o lapso temporal que de cá me apartou fora útil para observar... Claro que não como fariam os empiristas, pois nada pretendo converter em números!
E aos que, em vão, pensaram que deixaria de atirar flechas contra o Estado que sobre nos se erige como o Leviatã, já bem dissera Hobbes, estão, de certo modo, corretos, pois atirarei agora as pedras que todos carregamos alienados, pedras impostas por este ser inanimado, despersonificado, desarrazoado e ininteligível.
Sei que não é fácil para os que foram doutrinados em sistemas liberalistas, ou correlatos, entender o que aqui analiso, pois estão estes agrilhoados aos pensamentos enxertados desde a mais tenra idade em suas mentes facilmente especuláveis. Têm os olhos vedados pelas mãos do Estado, sujas com o sangue dos que contra ele se põem.
Sei que não é fácil para os que foram doutrinados em sistemas liberalistas, ou correlatos, entender o que aqui analiso, pois estão estes agrilhoados aos pensamentos enxertados desde a mais tenra idade em suas mentes facilmente especuláveis. Têm os olhos vedados pelas mãos do Estado, sujas com o sangue dos que contra ele se põem.
Não digo neste, que minha crítica se posiciona contra os Estados contemporâneos, pois o Estado permanece repleto de fealdade desde mui antes de o termo ser criado por Maquiavel.
Dirão os conservadores que vivemos n’uma democracia... Num Estado democrático... Mas então vejamos o que é, no duro, a democracia, o regime de governo de alguns poucos que dominam e suprimem os outros muitos.
Já era assim na Atenas do século IV a.C., quando os cidadãos –e isso excluía a maior parte das pessoas, que não exerciam qualquer influência na sociedade ateniense – decidiram pela morte do mais genial ser, do pai do conhecimento, do Grão mestre da maiêutica... Sócrates.
A democracia Ateniense enfiou-lhe goela abaixo cada gota de cicuta, indiretamente é claro! Mui me admira o quão cega está nossa sociedade, que não percebe as gotas de cicuta que ingere, silenciosamente, todos os dias, em pleno século XXI...
Hoje, não é mais a ágora, não mais o povo ateniense... Hoje somos envenenados pelos representantes que se valem do sistema democrático, os alguns decidem a forma e a fôrma em que devemos agir e caber, os poucos ainda nos impõem suas hipóteses, os poucos elegem os caminhos dos muitos... Exatamente como era no século IV a.C., porque isso é a democracia!
Na era da informação – instantânea – ficamos cada dia mais alienados, presos a ídolos, longe do conhecimento...
Sim, o Estado não conjumina com conhecimento! O conhecimento é a arma una no combate aos Estados que escravizam os seres.
Francis Bacon, cuja dicção apontava para a forma rasa do que sobrara do conhecimento grego, não viu o que se tornou o conhecimento nessa era em que vivemos... Aliás, sorte dele! Porque hoje, inexistem as tábuas rasas e leves que boiaram... Restaram os vermes que corroeram-lhes, e ‘inda assim, quase mortos!
Restou o nada... Pois é isso que o Estado é, o grande nada, vazio; o inimigo sem face, sem crenças, sem ideologia, sem nome ou forma... O grande nada que nos corrói. Que nos mantém atados por meio de duas das mais perigosas coisas: o Capital e o Direito.
Com o capital, transforma-nos também em capital – em capital humano – alheios ao valor que possuímos como seres. Transforma-nos em um número – de CPF, de RG... de nada! A grande verdade, de duas a uma, é que ou somos produtos, capazes de gerar receitas e pagar impostos, ou somos putos, vendidos às migalhas e aos sorrisos amarelos de quem por trás do Estado!
Com o Direito, o Estado realiza seu controle social, controle das idéias e das formas individuais de existir, a assegurar garantias – ou leia como direitos – que são, na realidade, a face explicita das obrigações, dos deveres. Não há direitos, o que há em suas entrelinhas são limites... ataduras douradas... ouro de tolo!
O que restou é a ignorância... Nas escolas, prezamos pela ignorância, pelo analfabetismo funcional, pelo desrespeito ao mestre... O professor para o Estado é a babá que se pode pagar pouco e seu bobo da corte, para rir em sua segurança, criada pela ignorância fecundada.
Mais uma vez, depois de bem analisar, sou obrigado a concordar com Rousseau... “O bom selvagem”... Só é pena que tenhamos contaminado o povo livre, que sabe dividir a caça, o alimento, a ofertar aos deuses o indivisível... Respeitando a um só cacique... Esse é o grande problema dos Estados... Caciques demais!
Nos Estados democráticos, foi tolhida até mesmo a expectativa de uma revolução, pois, além de não saber contra quem se luta, cria-se um estado de inércia no povo, carregando o peso de seus votos como penitentes conformados.
Por mais platônico, utopista que seja, ainda creio em nossas capacidades humanas de boa selvageria, da vida em micro sociedades, longe de qualquer forma de Estado, longe do Capital e das Leis, subordinados a costumes de cada micro sociedade, com um apenas a orientar, o que facilita até mesmo uma revolução, afinal, rei morto, rei posto... E creio que essa partição deverá ser realizada entre os que pensam de forma similar, a criar suas sociedades e costumes pautados em suas formas de pensar...
Sei que isso é querer combater moinhos de vento... Mas o Estado como existe é, e será sempre, meu alvo preferencial, o motivo pelo qual, até mesmo afastado pelo lapso temporal, me sinto compelido a enojar-me por sua fática existência...
Não quero, contudo, parecer absoluto, e por isso, por meramente expor o que constato de forma personalíssima, aceito e respeito qualquer antítese a estas linhas!
Eduardo Cantos Davö
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- Eduardo Cantos Davö
- Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.
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