22 de agosto de 2011
Não me importa que o mundo esteja cego, pois eu continuarei a ver que as desigualdades, e só estas, tornam-no aquilo que é: duro, frio, árido e sem fé.
Não me importa, principalmente, que as pessoas mantenham sua fé, eu continuarei cético na guerra, na fome, na inércia e na autodestruição em nome de Deus. Quem foi que recebeu procuração pra dizer em seu nome?
Não me importa que todos sejam consumistas, porque eu continuarei acreditando em uma sociedade sem capital, onde todos plantam e dividem, onde a fome não tem espaço sequer nos dicionários.
Não importa que democracia vença, pois em minha alma, manterei o signo do douto pincel da anarquia, e nela vencerá a paridade plena entre os seres humanos, sem hierarquias, sem mandamentos... Pleno bom senso!
Também não me importam as desigualdades, pois meus olhos hão de ver apenas uma única figura de ser humano, com as mesmas capacidades e as mesmas debilidades. Espelhos de si próprios.
Não me importa que o mundo esteja surdo, meus ouvidos haverão de enaltecer os grandes como Bach, cujas notas sustentaram o mundo em suas costas, como Atlas.
E porque haveria de me inquietar que esqueçam a História, em minha mente, manter-se-á aberta cada pústula por cada guerra, por cada domínio, por cada declínio de um povo. E permanecerei a recordar cada página espectral, cada raça, cada cor, de todos os povos... Neles hei de ver ainda um só povo.
Não me importa que os livros não sejam mais lidos, porque eu permanecerei em busca de cada verso, cada parágrafo escrito com a tinta da alma dos gênios antepassados. E se, porventura, eu enxergar o invisível algum dia, será pela mesma razão de Newton.
Não haverei, também, de me importar que nossa língua tenha sido reduzida ao nada redundante, ao erro correto. Permanecerei errado, haverei de usar palavras mortas, assaz convenientes para delatar a verdade, usar-lhas-ei com cada acento em seu lugar de direito.
Ah! Sim... Não me importam os direitos, e embora seja um estudante deste ramo, continuarei não crendo em palavras vagas, que maculam o branco papel, para o qual se derruba o velho arvoredo em prol de sua produção. Não, continuarei crendo que é possível criar uma sociedade sem leis, sem governo, fraterna, igual e com bom senso... Muito bom senso e muita vergonha na cara. Afinal, de que vale todo um ordenamento sem vergonha da cara?
Não me importa que as pessoas tenham medo, eu também, como humano que sou, tenho-o. Mas não haverei de me entorpecer e nem deixarei de caminhar.  E cada vez que este invadir meu corpo, hei de lembrar dos filhos e filhas da sociedade, sem pais, sem luz, sem destino. Os filhos da desgraça, da ignorância e da necessidade.
Não me importa que não tenhamos tempo, o tempo sempre se esgota e a peleja contra ele é inútil. Por isso, continuarei a crer que hoje é o último dia, para fazer de cada dia único, de cada poente o mais belo e de cada esperança a mais insurgente!
Não me importa que acreditem na guerra, pois enquanto outros regam suas plantas com sangue, alimento meu coração com a paz, com a tolerância entre os povos. Apenas amor.
Por fim, não me importa que me chamem de louco, porque se tudo que creio é loucura, por favor, não busquem minha cura!
Eduardo Cantos Davö

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Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.