16 de abril de 2011
Percebi, como se fazia antigamente, antes de medidas absolutas e verdades que nos devem caber, o que de fato é puro e inato da espécie que sou.
Não sei se certo ou errado, apenas constatei, contrariando parcialmente a verdade preestabelecida.
Ao olhar pelo infausto e funéreo caminho que nos trouxe até o presente, vi que a história é, com efeito, “a história da luta entre as classes”, como dizia Marx. Mas, além disso, a história de uma classe dominante e outra, majoritária, dominada é fruto de uma característica concernente apenas aos Homens, nasce com cada ser desta espécie e fenece ao seu desfalecer, perpetuando-se antes, nos filhos e filhas de uma mesma característica indelével.
É, pois, perceptível que o Homem é um animal subordinado, que ao nascer, e só por tal, já traz consigo esse modo de agir. Subordinar-se é inerente a essa espécie. Diria que a história da humanidade é a historia da subordinação.
Ao voltar na linha histórica logo se vê. Primeiramente este feal ser se subordina a um Deus, que mesmo sem rastro - sem explicação coerente - legisla sobre vós outros, impõe regras e ditâmes que o Homem, mísero em sua realidade, acata sem mais.
E num breve giro da desventurada roda do tempo, o Homem se subordina a um Faraó, só e tão só, governa as multidões que a ele se subordinam sem questionar.
E, assim seguindo, subordina-se à Aristocracia, de uma Grécia de legado nefasto, uma democracia que nada mais é que o regime de poucos e poderosos.
E chega o César, e nada muda, pois não muda o ser - ainda que flua o rio. Permanece inebriado no êxtase de uma infame subordinação... Mata outros de sua mesma espécie, destrói outros povos, também subordinados, igualmente risíveis e dependentes de um ser, mítico ou hierarquicamente superior. E morre em nome dessa dependência vil.
Renasce o velho mundo, com os feudos... E a mesma velha sujeição, da maioria camponesa ao seu senhor feudal. E ao correr das penas iluminadas de uma França influenciada pelas brisas algentes da Inglaterra, nascem novos nomes, mas nada muda. Permanecem os proletariados subordinados a classe burguesa.
Assim, de forma contemporânea, existe a forma mais coercitiva de subordinação, à qual vós outros todos já nasceis subordinados, humanos como sois. A lei, um borrão de nanquim que vos dita como deveis agir... Em que fôrma vós deveis caber.
Por fim, ao girar da cabeça, deparo-me hoje, em plena luz do século XXI, que somos todos subordinados a uma Lei, criada pelos Senhores Feudais de agora, grandes empresários - velhos burgueses -, representantes de uma Aristocracia avessa, em uma democracia fajuta, a governar lado a lado com nosso atual César... Mas permanecem todos, também, subordinados a um Deus, que é tudo isso ao mesmo tempo.

Eduardo Cantos Davö

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Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.