24 de fevereiro de 2011
Entre reformas, salários, farrapos e Heróis
00:30
| Postado por
Eduardo Cantos Davö
|
Mais uma vez se abriu a lona, acendeu-se as tochas e o grande circo de horrores recebe com riso irônico seus espectadores apáticos.
Esta foi uma semana triste para quem assistiu a quebra de braço entre Senadores para uma conclusão no que tange ao aumento do salário mínimo.
Em fins desta noite foi aprovado o valor final, fixado em quinhentos e quarenta e cinco reais, o menor aumento real desde 2003, quando do início da era Lula.
Passada a campanha eleitoral, fica bem claro que a presidenta Dilma Rousseff tem sim um governo próprio, sua própria base aliada no legislativo e, principalmente, que a sombra de Lula já não mais a acompanha.
É vergonhoso não em si o valor do piso salarial definido na noite de hoje, mas uma série de fatores que envolvem essa questão.
A primeira, e mais relevante, é o salário absurdo votado, aprovado e sancionado no final do ano passado, que elevou os salários do Executivo e do Legislativo a patamares astronômicos.
Outro fator assustador é a injustificável quantidade de impostos praticados neste país, uma das maiores cargas tributárias do mundo.
O salário mínimo deveria, em tese, assegurar uma existência digna ao cidadão. Entretanto, a conta não fecha, não é o suficiente para a grande maioria que depende deste valor para sobrevivência e, enquanto os aposentados, após uma vida inteira de contribuição, dificilmente conseguem comprar seus medicamentos, pagar seu aluguel, manter-se em condições admissíveis, nossos famigerados representantes recebem valores que, reputo eu, inadmissíveis.
Também é absurda a idéia do mínimo ser definido por decreto de lei, isso é uma forma do Legislativo se eximir da culpa em votações vindouras e empurrar a competência constitucional para o Executivo, num joguete político, a evitar impasses co'a oposição.
Ao analisar a votação do salário de Legislativo e Executivo em dezembro e a votação do salário mínimo, hoje, fica evidente a desmoralização de nossos representantes, de nosso Estado.
Mas essa semana não foi apenas do mínimo... Há outra questão que pode influenciar em uma séria crise institucional: A reforma política. A ideia em questão é, principalmente, o aumento do mandato de 4 para 5 anos.
Não se trata de uma idéia nova, já foi aplicada no Brasil anteriormente e, diga-se de passagem, não funcionava de maneira mais satisfatória do que agora. Essa reforma traz consigo grandes inviabilidades, seremos o país das eleições, com eleição primeiro para prefeitos e vereadores, dois anos após uma eleição para Senadores e Deputados Estaduais e Federais e no ano seguinte uma eleição para Presidente.
É inviável, pois eleições geram custos elevados para os cofres da União, e aí aparece a ponta do iceberg, o principio de uma grande crise.
Por último, neste post, não poderia me furtar em mencionar os farrapos, pois este é o retrato do povo brasileiro, uma população apática, que não se engaja mais em questões relevantes para a coletividade, se ocupa com televisores que promovem uma lavagem cerebral com o reality show do momento. Entretanto talvez mereçamos isso, pois esquecemos o significado mais grego do termo cidadão, deixamo-nos corromper pela falsa cultura.
Resta, por fim, um povo que, talvez, mereça o que recebe e é nessas horas que sentimos saudades de Heróis, ainda que seja "pobre o país que precisa de heróis" (Bertolt Brecht).
Esta foi uma semana triste para quem assistiu a quebra de braço entre Senadores para uma conclusão no que tange ao aumento do salário mínimo.
Em fins desta noite foi aprovado o valor final, fixado em quinhentos e quarenta e cinco reais, o menor aumento real desde 2003, quando do início da era Lula.
Passada a campanha eleitoral, fica bem claro que a presidenta Dilma Rousseff tem sim um governo próprio, sua própria base aliada no legislativo e, principalmente, que a sombra de Lula já não mais a acompanha.
É vergonhoso não em si o valor do piso salarial definido na noite de hoje, mas uma série de fatores que envolvem essa questão.
A primeira, e mais relevante, é o salário absurdo votado, aprovado e sancionado no final do ano passado, que elevou os salários do Executivo e do Legislativo a patamares astronômicos.
Outro fator assustador é a injustificável quantidade de impostos praticados neste país, uma das maiores cargas tributárias do mundo.
O salário mínimo deveria, em tese, assegurar uma existência digna ao cidadão. Entretanto, a conta não fecha, não é o suficiente para a grande maioria que depende deste valor para sobrevivência e, enquanto os aposentados, após uma vida inteira de contribuição, dificilmente conseguem comprar seus medicamentos, pagar seu aluguel, manter-se em condições admissíveis, nossos famigerados representantes recebem valores que, reputo eu, inadmissíveis.
Também é absurda a idéia do mínimo ser definido por decreto de lei, isso é uma forma do Legislativo se eximir da culpa em votações vindouras e empurrar a competência constitucional para o Executivo, num joguete político, a evitar impasses co'a oposição.
Ao analisar a votação do salário de Legislativo e Executivo em dezembro e a votação do salário mínimo, hoje, fica evidente a desmoralização de nossos representantes, de nosso Estado.
Mas essa semana não foi apenas do mínimo... Há outra questão que pode influenciar em uma séria crise institucional: A reforma política. A ideia em questão é, principalmente, o aumento do mandato de 4 para 5 anos.
Não se trata de uma idéia nova, já foi aplicada no Brasil anteriormente e, diga-se de passagem, não funcionava de maneira mais satisfatória do que agora. Essa reforma traz consigo grandes inviabilidades, seremos o país das eleições, com eleição primeiro para prefeitos e vereadores, dois anos após uma eleição para Senadores e Deputados Estaduais e Federais e no ano seguinte uma eleição para Presidente.
É inviável, pois eleições geram custos elevados para os cofres da União, e aí aparece a ponta do iceberg, o principio de uma grande crise.
Por último, neste post, não poderia me furtar em mencionar os farrapos, pois este é o retrato do povo brasileiro, uma população apática, que não se engaja mais em questões relevantes para a coletividade, se ocupa com televisores que promovem uma lavagem cerebral com o reality show do momento. Entretanto talvez mereçamos isso, pois esquecemos o significado mais grego do termo cidadão, deixamo-nos corromper pela falsa cultura.
Resta, por fim, um povo que, talvez, mereça o que recebe e é nessas horas que sentimos saudades de Heróis, ainda que seja "pobre o país que precisa de heróis" (Bertolt Brecht).
Eduardo Cantos Davö
Marcadores:Política
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- Eduardo Cantos Davö
- Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.
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