12 de julho de 2011
Nos últimos dias ouvi diversas teorias sobre a forma de se educar, teorias de como deve ser a educação em nosso país e qual deve ser a forma de agir do professor. E em meio a tantas teses pessoais que me despertaram asco, oriundas de mentes vulgares e indolentes, que não compreendem a realidade que os cerca e explanam sobre métodos não de educar, mas de criar robôs, colocar uma geração na mesma forma ocidental onde todos devem caber, padronizando pessoas, que embora sejam diferentes por natureza devem ser iguais e caber nessa forma de padrões esperados, como já disse anteriormente.
Verdade seja, então, dita. Nos últimos anos acompanho intimamente os passos senis e enfermos a que anda a educação no Brasil e no Estado de São Paulo e, digo-lhos, estamos a fazer tudo da maneira mais sórdida. É necessário abolir o método de ensino por apostilas e devolver o conhecimento e o poder da sala de aula ao professor, pois a este compete ministrar as doses de conhecimento. Educação, a base estrutural, deve ser fruto da convivência familiar, pois compete aos pais esse poder de inserir o discernimento em sua prole.
As apostilas são ineficientes, tratam-se de subterfúgio para superfaturar e desviar verbas públicas com material de qualidade altamente duvidosa. Vejamos pela seguinte óptica, apenas por apostilas de Sócrates, Platão jamais representaria tudo o que representa na sociedade contemporânea. E quebrando esse elo, Aristóteles também não seria ninguém, bem como todos os filósofos que os seguiram, incluindo Descartes e Francis Bacon. É necessário que o mestre atribua seus traços livremente ao ensinar, sem amarras, pois como se há de amarrar o conhecimento, que é livre por natureza?
Sim, como se há de perceber creio em duas coisas: na physis (natureza) e no inatismo, proposta mais primorosa de René Descartes. Dessa forma o ser humano nasce com certas aptidões que devem ser apenas lapidadas e amoldadas, posto assim, o professor tem função de ourives, para seu trabalho o ouro, isto é, a aptidão, deve partir do aluno, sua matéria-prima. Igualmente, o discente que tem aptidões para as ciências exatas deverá ser posto em uma sala onde todos os alunos tem aptidões para as ciências exatas, repetindo esse processo com as outras áreas do conhecimento (Humanas, Artísticas e Biológicas). Esse é o único modo da sala prosperar, senão acontece sempre o que vemos atualmente: alunos que se promovem à custa do pensamento alheio em um sistema falido onde números de aprovação são mais importantes e os professores são obrigados a promover discentes que são analfabetos funcionais.
Esse analfabetismo funcional ocorre em virtude de interesses mais fortes do que educar, os mesmos velhos interesses de uma minoria que domina a maioria – Que o diga Marx!
Para manter o capitalismo em pé é imprescindível para essa burguesia disfarçada em siglas e coligações partidárias (de mãos dadas com os grandes empresários), que haja mão de obra a ser explorada, e educar de verdade é conscientizar essa população de sua condição, da verdade. Essa não é a intenção, pois afeta diretamente a lei da oferta e da procura, teoria de Adam Smith (pai do liberalismo), quanto maior for o número de trabalhadores, e quanto mais ignorantes, mais fácil é a tarefa de criar um exército de proletariados, mão de obra barato, que rende um lucro inestimável. Para aferir tal ponto basta uma leitura acerca da mais-valia, em “O Capital”, de Karl Marx.
Essa alienação é imprescindível para a economia e para os bolsos dos grandes magnatas e políticos, manter a população ignorante é fundamental para criar uma geração de consumistas, que aquece a economia, mantendo-a estável. Essa ignorância também nos mantém agrilhoados a valores de impostos vergonhosos que sustentam a elite brasileira desde os tempos da coroa portuguesa, que em sua época era uma das mais corruptas da Europa.
E se esse cenário já se parece com o inferno, sigamos, pois, ainda há cousas piores, causas para que o Estado mantenha a educação em condições ridículas. Essa geração de ignorantes é primordial para que se exerça uma democracia que, não se enganem, não é o governo do povo. A democracia é o governo dos cidadãos, como o era em sua essência original na Grécia Antiga e, embora seja linda a teoria de que todos somos cidadãos, isso não é verdade. A democracia Grega se restringia a uma minoria que era cidadã, os demais apenas assistiam. Embora no Brasil hodierno tenhamos direitos políticos, isso não implica em cidadania plena, pois a minoria especula a maioria com programas pseudo-sociais, com apoio das gigantes empresas midiáticas, que são incumbidas de entreter uma pobre população alienada e ignorante.
E é claro que o cenário é ainda pior. Perdemos a luta contra a ignorância com a geração dos anos 80, 90 e 2.000, e a geração atual, dos anos 10, segue por senda igual ou ainda pior e nesse horizonte educacional não há perspectiva de melhora para a geração vindoura, pois o professor é subjugado, oprimido, sujeito a condições de trabalho desumanas e a um salário humilhante. O salário base de um educador em São Paulo é de R$ 1.024,00, enquanto um único deputado recebe a quantia de R$ 26.700,00. Todavia, sem um professor esse deputado não deveria sequer existir. Mas a realidade é outra, vivemos em um país que elege um deputado que é analfabeto funcional.
E assim seguimos nesta, que é a realidade, sem máscaras, sem impressões publicitárias governamentais. A verdade é que o professor adoece, apanha de aluno e ainda tem de ouvir de dirigentes de ensino que a responsabilidade pela indisciplina é sua. Isso não é verdade. O professor é um Herói que tenta passar seu conhecimento numa era em que vale o “ter” e não o “ser”.  A base para um país digno, antônimo do nosso, é uma base familiar que o capitalismo destruiu como se afere no fato abaixo, ocorrido em São Paulo:
Como se vê, a escola se tornou um lugar não para aprender, mas para depositar as crianças até mesmo no momento de férias, de estar com a família, de aprender sobre sua estória, tradições, descobrir o mínimo de si mesmas. Esse é o reflexo da geração anterior, já corrompida pelo capitalismo brutal, meras máquinas alheias ao seu valor como ser humano, alheias ao valor de seus méritos por seu trabalho.
É uma pena, mas a realidade é um monstro e nesse ponto já não mais adianta buscar culpados, mas sim soluções. E que o diga Shakespeare: “Não há culpados, o que há são desgraçados”, que agora somos todos.
Eduardo Cantos Davö

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Músico, Escritor, Anarquista e estudante de Direito (embora seja paradoxal). Um idealista, em busca do compreendimento das cousas mais banais que nos rodeiam.